Da janela admiro a realidade. Ela é tão bela, tão imperfeita, tão luxuosa e sensível. A realidade tem sabor de lembranças, algumas doces, outras amargas e a maioria, vivas, em minha memória já não tão jovem. A verdade é que os anos passaram e já não consigo lembrar-me de todos os detalhes que compuseram minha personalidade. Por isso, admiro a realidade, ela é como um armário bagunçado com tudo o que importa dentro dele. Porém, meu armário é vazio, todas as lembranças estão espalhadas por armários diversos, de pessoas diversas, de corações diferentes. Não guardei nada, apenas dividi e distribuí o que eu tinha de melhor.
O problema que me assalta no momento é organizar tudo isso e ficar com um pouco de mim. O ser humano tem fases, crises existenciais e buscas constantes pelo seu próprio ser. Por isso, preciso ir atrás de minhas roupas, meus tênis, de tudo o que veste minha mente. Sinto saudades de momentos que nunca mais existirão, de sentimentos e perfumes que atualmente nem significam nada para certas pessoas, quanto mais as músicas que um dia tocaram nossas almas. Ah, nesta vida tudo passa, mas algo sempre fica. A verdade.
Busco uma verdade que vai além das palavras, das atitudes e das escolhas. É a verdade do final de nossas vidas, das missões que nos comprometemos cumprir aqui neste planeta. Rogo a Deus por esta verdade e que a cada dia eu consiga desvendá-la em paz.
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